O que é ser mulher?

Foto de Jeffery Erhunse na Unsplash

Ser mulher é nunca ter nada para fazer. Ou seja, é ter algo para fazer, sempre.

É estar em estado de alerta o tempo todo. É se preocupar com filhas, filhos, netos, netas, sobrinhos, sobrinhas, cachorros, cachorras, marido, "marida", mãe, pai, avó, avô… se todos, todas, todes têm saúde, se têm comida, se têm roupa, se tomaram remédio, se estão fazendo fisioterapia, natação, musculação, estudando, trabalhando…

É fazer o dever de casa com as filhas, com os filhos, com os sobrinhos, com as sobrinhas, com as netas, com os netos, após uma (ou mais) jornada (s) de trabalho exaustiva (s). É receber pouco, menos do que merece, e ainda assim conseguir fazer milagres.

É pensar no coletivo, em cooperação, em cuidar.

É ser criativa, para fazer o dinheiro durar até o final do mês, e ainda conseguir alimentar todos, todas, todes que dependem disso.

É tirar férias para relaxar, mesmo não sabendo muito bem o que é isso. Porque, no fundo, a cabeça não pára. Sempre está pensando nos próximos passos, nas finanças, no trabalho, na saúde dos outros que dependem dela.

É dizer não para si, quase o tempo todo.

É adoecer e, ainda assim, continuar a fazer. Sem tempo de não ter nada para fazer.

É ser queimada, em uma fábrica fechada, com outras centenas de mulheres, por ter exigido o direito de trabalhar de forma mais humana.

Agora entendem o porquê apenas flores e um "parabéns pelo seu dia" neste dia não é o suficiente?