O que me deixa triste ou negativa - uma reflexão do momento climático atual
- Carol Bernardo
- 27 de mar. de 2024
- 2 min de leitura

Dia #3.
Continuando o desafio de 30 dias escrevendo, o dia de hoje devo escrever algo que me deixa triste ou negativa.
Escrever sobre isso é um pouco mais fácil, pois convivo com isso quase todos os dias. 😅
Explico.
Ter feito biologia foi uma dádiva. Uma escolha perfeita. Conheci pessoas incríveis, que posso chamar, hoje, de família; tive professores maravilhosos e acesso a um conhecimento infinito. Além disso, ter alinhado os conhecimentos biológicos e ecológicos que aprendi durante a graduação e mestrado aos conhecimentos econômicos, que obtive durante o doutorado, me fizeram um E.T.. Ou seja, eu tive acesso a um conhecimento que integra duas grandes áreas da vida das pessoas e dos sistemas à nossa volta.
Isso significa que minha visão de mundo é um tanto quanto peculiar. Eu consigo ter um quê de "Mãe Dináh" em termos de previsibilidade do que pode acontecer, quando uma ação é tomada, seja no meio produtivo ou no meio ambiente. O que, normalmente, me faz falar: "vai dar merda"! E, normalmente, dá.
Agora, como isso me deixa triste ou negativa?
Veja, o conhecimento em si não me deixa triste nem negativa. Mas a impotência frente a essas "previsões", embasadas no conhecimento adquirido ao longo dos anos, me deixa sim, triste e negativa.
É o famoso: "a ignorância é uma benção". E em muitos momentos é mesmo. Porque você saber conectar pontos de ação e reação, entender ciclos ecológicos e econômicos e conhecer minimamente o comportamento de pessoas, inclusive de políticos, e não poder fazer nada a respeito para avisar ou mudar isso - além das coisas que já fazemos, como escolher nossos representantes de forma consciente - me deixa triste e negativa. Além de gerar ansiedade na pessoa que vos escreve.
Ou seja, a impotência de poder fazer algo e não conseguir fazer, dado às informações que tenho na minha cabeça, me deixa negativa. Especialmente no momento ao qual estamos, que é o de emergência de ações frente às alterações climáticas e seus eventos extremos.
Só fico vendo um repeteco de coisas acontecendo, piorando a cada ano, e [quase] nenhuma ação concreta sendo tomada. Isso, para mim, é desesperador. Porque muita coisa poderia ser diferente se tivesse vontade política e ação civil coletiva. Quando falo de ação civil coletiva quer dizer eu, você, seu vizinho, sua vizinha, amigos, amigas, levantarem a buda do sofá e agir. Seja fazendo o mínimo, que é separar os resíduos de forma adequada, seja em ações maiores, como exigir responsabilidade ambiental de grandes empresas, as quais somos consumidoras e são responsáveis pelas grandes emissões, lutando por formas mais seguras e menos poluentes de transporte, reduzindo o desperdício alimentar e tantas outras formas de agir.
Mas não. Preferimos sentar no sofá, mandar fake news pelo whatsapp e fingir sanidade mental. Ou seja, a autorresponsabilidade passa longe.
E tudo isso me deixa muito triste e negativa.
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